Produção de grãos deve crescer 17% no Paraná, mas clima preocupa, diz Ocepar


A produção de grãos no Paraná deve atingir 41 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento de 6 milhões de toneladas, ou 17% maior, em relação ao ciclo anterior, afirmou o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.

Segundo ele, o avanço da produção deve impor desafios à logística e à armazenagem no estado. “Nossa infraestrutura vai ser bem desafiada. Devemos ter uma concentração de entrada e produção bastante significativa nas próximas semanas”, disse.

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná, confirmou que 23% da área plantada de soja no estado já foi colhida, principalmente nas regiões oeste e sudoeste.

O volume projetado para a oleaginosa foi revisado para 21,3 milhões de toneladas, quase 1 milhão de toneladas abaixo da estimativa inicial de 22,2 milhões de toneladas, devido ao período de estiagem entre dezembro e janeiro, que afetou lavouras em Toledo e Cascavel.

Para o milho safrinha, a estimativa segue em 15,5 milhões de toneladas, mantendo o Paraná como um dos principais fornecedores do cereal para a produção de proteína animal. “O milho é matéria-prima fundamental para a cadeia de proteína animal; somos grandes produtores de frango e suíno”, destacou o diretor do Deral, Marcelo Garrido.

Apesar da safra cheia, o cenário econômico suscita preocupações. Ricken, da Ocepar, citou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2%, inflação em 5,5% e a Selic (taxa básica de juros da economia) em tendência de alta para 15%, além do impacto do dólar próximo a R$ 6. “É um momento de desafio para o setor”, reforçou.

O presidente da Cooperativa Bom Jesus, Luiz Roberto Baggio, alertou para a necessidade de ajustes no Plano Safra, diante da alta dos juros e da dívida pública superior a R$ 7 trilhões. “A safra é grande, muito boa, mas as coisas não estão tão boas assim. Isso pode, em alguma medida, afetar a agricultura”, advertiu.

Impacto do La Niña

O fenômeno climático La Niña segue ativo, com intensidade moderada, e continuará influenciando o clima no Brasil pelo menos até o primeiro semestre de 2025, afirmou o agrometeorologista Luiz Renato Lazinski, durante o Encontro Safra 2024/25, promovido pelo Sistema Ocepar.

Segundo ele, o fenômeno já atingiu seu pico e deve perder força gradualmente nos próximos meses, mas seus efeitos ainda serão sentidos no campo. “La Niña atingiu o máximo agora. Daqui para a frente, a tendência é diminuir gradativamente, mas seus efeitos sobre o clima continuam” destacou Lazinski.