Com a situação crítica na saúde do Paraná, em algumas cidades os médicos estão precisando escolher quem vai receber tratamento contra à Covid-19 em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Aí eu te pergunto, como é que dorme?! É difícil. Nós nos sentimos impotentes porque nós estamos tendo que escolher vidas para salvar. Daí você passa nas ruas às vezes e vê as pessoas que não parece que é nada aquilo”, disse Lísias Tomé, diretor executivo do Hospital de Retaguarda de Cascavel, no oeste do estado.
Desde o começo da pandemia, 16 pessoas com a Covid-19 morreram em casa, antes de serem levados até uma unidade de saúde em Cascavel, conforme dados da prefeitura.
“A diretriz médica mundial é que o paciente que deve receber o leito hospitalar é o que tem a maior chance de sobreviver. Se tratando da Covid é muito difícil essa escolha. Então, muitas vezes essas escolhas terão que ser feitas. As pessoas que ficam esperando, ficam em aguardo, mas não ficam abandonados, elas continuam sendo cuidadas esperando a internação”, explicou Nazah Youssef, conselheira do Conselho Regional de Medicina (CRM).
O número de pessoas aguardando por uma vaga aumenta todos os dias e, ao mesmo tempo, os investimentos em leitos e equipamentos não são suficientes.
“Infelizmente, se continuarmos nesta situação de caos, vai caber ao médico intensivista escolher quem ele vai ter que entubar porque ele vai ter três pacientes em angústia respiratória e um respirador”, afirmou Rafael Deucher, presidente da Associação Paranaense de Médicos Intensivistas.