Estaduais parados e reclamações: continuidade do futebol durante a pandemia gera polêmica


A temporada 2021 do futebol brasileiro começou há poucos dias e já existe uma grande polêmica. A continuidade dos jogos durante um novo crescimento dos casos de covid-19 causou um racha de opiniões. Embora a preocupação com a pandemia e as mutações do vírus seja unânime, não há consenso sobre se o futebol deve novamente parar, como foi no ano passado, quando houve uma interrupção de quatro meses no calendário nacional.

A voz mais contundente contra a situação atual da pandemia é o técnico Lisca, do América-MG. Em entrevista ao canal Premiere na noite desta quarta, antes de um jogo pelo Campeonato Mineiro, o treinador criticou a realização de partidas da Copa do Brasil nas próximas semanas. “Nosso país parou, gente. Não tem lugar nos hospitais, eu estou perdendo amigos, amigos treinadores. É hora de segurar a vida. Aqui no Mineiro tudo bem, é mais perto, mas como vão levar uma delegação do Norte para o Sul?”, disse.

Na mesma noite, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, disse ter imensa preocupação de encarar um novo surto de covid-19 dentro do elenco. Em novembro, a equipe chegou a ter mais de 20 desfalques provocados pela doença e já houve casos de atletas que testaram positivo mais de uma vez. O português contou ter ficado espantado ao ver que no Brasil não há lockdowns rigorosos como na Europa.

“Eu sei que o futebol é um negócio, e precisamos todos trabalhar, precisamos de dinheiro para pagar nossas contas, mas temos que ter responsabilidade social nesse momento, ser mais responsável dentro daquilo que nos compete, que é ficar mais em casa e ver se conseguimos eliminar esse adversário, pois tanto aqui como na Europa está difícil”, comentou Abel.

O técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, pensa diferente. Mesmo preocupado com a pandemia, a opinião dele é de manter o calendário como forma de trazer um alento ao torcedor. “Estamos fazendo um favor para o povo, porque quando jogamos, é um motivo para o torcedor ficar em casa. Mas não pode parar tudo no Brasil, daqui a pouco a pessoa não sai de casa, mas está morrendo de fome”, disse. O treinador mencionou que o futebol conta com uma segurança especial por causa da rotina de testes com os atletas e funcionários.

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, pensa parecido. “Entendo que o futebol é uma atividade que não traz risco para a saúde pública. É um ambiente altamente controlado, que aprendeu a conviver com a covid-19, e que é uma opção de entretenimento para a população que vai ficar em casa em função do lockdown. Assim como outras atividades como a construção civil, por exemplo, que vai manter. O futebol também deveria manter”, comentou.

Por causa do aumento acentuado de casos, dois Estaduais da região Sul do Brasil estão suspensos temporariamente. Em Santa Catarina a medida entrou em vigor a partir desta quinta, por decisão da federação local. Existe a possibilidade de o regulamento ser alterado para o campeonato ter menos partidas. Os clubes vão discutir o assunto em breve.