A médica Carolina Fernandes Biscaia, de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, virou ré na Justiça por emitir laudos falsos de câncer de pele e realizar procedimentos desnecessários em pacientes. Ela foi denunciada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em outubro de 2024 por lesão corporal, estelionato, falsidade ideológica e por exercer atividade ou anunciar que a exerce sem os requisitos necessários.
Carolina começou a ser investigada em março de 2024, quando pacientes suspeitaram de procedimentos cirúrgicos solicitados por ela. Pelo menos 31 pessoas formalizaram denúncia à Polícia Civil (PC-PR). Relembre abaixo.
A denúncia foi aceita pela Justiça em 31 de janeiro, referente a casos narrados por 38 vítimas. Em sete casos, o juiz Eduardo Faoro não reconheceu parte dos crimes atribuídos à médica na denúncia do MP.
“Em relação aos demais delitos narrados na denúncia, os elementos de cognição até então produzidos traduzem indícios das suas existências e das suas autorias pela acusada”, diz trecho.
A defesa de Carolina foi notificada na última segunda-feira (3) e tem prazo de 10 dias para responder.
O g1 acionou a defesa da médica, que informou que “com o recebimento da denúncia pela vara criminal da comarca de Pato Branco, a Justiça começa a ser feita pois o magistrado rejeitou diversos crimes dos quais ela encontrava-se acusada”, disse o advogado Valmor Antonio Weissheimer ao g1.
O advogado disse ainda que a defesa comprovará “a enorme injustiça que sofreu a sua cliente”.
Mais sobre o caso:
O inquérito que levou à denúncia do MP
O delegado Helder Lauria, responsável pela investigação que indiciou a médica em 21 de outubro de 2024, afirmou que a conclusão do inquérito expôs como a médica enganava os pacientes. Conforme o delegado, a investigação revelou que Biscaia agiu sozinha.
“Todas as vítimas relataram uma forte pressão psicológica feita pela médica durante a consulta para que fossem realizados os procedimentos tão logo ali no consultório, logo depois que ela dava o diagnóstico”, afirmou o delegado.
Conforme o delegado, as investigações identificaram que a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas poderiam ser cancerígenas. Ela, então, fazia retirada de material e encaminhava para laboratório.
De acordo com a polícia, na reconsulta, ela apresentava ao paciente um laudo falso com diagnóstico de câncer de pele. Segundo o delegado, a perícia em exames que estavam no consultório, bem como entregues pela médica à pacientes mostrou que a falsificação era feita com máquina de xerox, no próprio consultório.