Gêmeos são salvos de anemia falciforme após receberem medula de irmão mais velho no Paraná


Uma família de Iguaraçu, noroeste do Paraná, foi surpreendida com a notícia de que os filhos gêmeos José Felipe e Luís Guilherme, hoje com três anos de idade, nasceram com uma doença chamada anemia falciforme, que causa problemas no sangue. Os pais nem imaginavam que a cura estaria mais perto do que pensavam.

O irmão mais velho, Victor Hugo, de 11 anos, foi a salvação. Ele doou a medula óssea, que foi 100% compatível para as crianças. O resultado positivo do transplante foi considerado como raro pelos médicos que acompanharam o caso.

A anemia falciforme tem esse nome pelo formato de foice dos glóbulos vermelhos. A doença faz com que a membrana que envolve a célula se rompa facilmente, provocando anemia grave.

Segundo o Ministério da Saúde, a anemia falciforme atinge 3 a cada 10 mil crianças no Brasil. A estimativa é que 100 mil pessoas tenham a doença no país.

A anemia falciforme é tratada com medicamentos, mas desde 2018 o Ministério da Saúde permite o transplante de medula óssea de parentes para pacientes mais graves.

O diagnóstico

A mãe dos gêmeos, Vanessa Vieira da Silva, falou à RPC sobre os primeiros sintomas da grave doença.

“Eles choravam e eu não entendia o porquê. Eram dores nas articulações porque o sangue não tinha o fluxo direito”.

Segundo o pai das crianças, Errejean Vieira da Silva, a confirmação da anemia falciforme veio com o teste do pezinho. Até então, ele e a esposa não conheciam a gravidade da doença.

Em um dos momentos mais difíceis, Luís Guilherme sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) quando tinha sete meses.

“Pra gente foi um choque quando os médicos falaram que ele teve um AVC. A gente achava que era uma anemia normal. Não tínhamos conhecimento”.

Batalha pela cura

Os pais não tiveram muito tempo para superar a dor do diagnóstico e procuraram atendimento no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Eles deixaram emprego e a vida em Iguaraçu para trás com o objetivo de acompanhar os gêmeos durante o tratamento.

Enquanto isso, Victor Hugo era cuidado pelo avô, Manoel Geraldo da Silva. O garoto disse, em detalhes, como foi o procedimento de retirada da medula, que seria decisivo para um novo fôlego de vida para os irmãos dele.

“Deram anestesia, aí depois colocaram uma agulha nosso, aí tiraram. Demorei pra acordar, depois fui pro quarto”.

100% compatível

A coragem de Victor em submeter a um procedimento cirúrgico para salvar os irmãos sensibilizou os funcionários do hospital. Os médicos ficaram ainda mais surpresos na rapidez da compatibilidade da medula do garoto.

De acordo com a médica Cilmara Kuwahara, do Serviço de Transplante de Medula Óssea do Pequeno Príncipe, a medula dos gêmeos “pegou” exatamente no mesmo dia do transplante.

“O sangue do José e do Luís agora é o sangue do irmão. É um sangue que não tem mais doenças falciformes, é um sangue normal. Agora eles estão curados e poderão seguir a vida em frente”.