Ferrovia que vai transformar o Paraná será verde e sustentável


23.03.2021 - Visita do grupo tecnico da nova ferroeste primeiro ponto onde vai passar a nova ferrovia em Caarapá-ms. Foto Gilson Abreu/AEN

A vocação da Nova Ferroeste vai além de unir por trilhos Paraná e Mato Grosso do Sul, dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro, e se transformar no segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, perdendo em capacidade apenas para a malha paulista. A ferrovia quer nascer verde e sustentável.

Todo o projeto foi desenvolvido para ter o mínimo possível de impacto socioambiental. O desenho preliminar do traçado de 1.285 quilômetros entre Maracaju (MS) e o Porto de Paranaguá, por exemplo, não prevê nenhuma interceptação em comunidades indígenas, quilombolas ou em Unidades de Proteção Integral.

Os técnicos responsáveis pela proposta alinharam o traçado a um distanciamento mínimo de cinco quilômetros dessas coletividades ou pontos de conservação. Já no final do percurso, toda a estrutura da nova ferrovia que vai cortar a Serra do Mar foi alinhada com o Plano Sustentável do Litoral, concebido em 2019.

“A sustentabilidade tem um peso muito importante em todo o projeto. Buscamos mitigar o máximo possível questões ambientais para que a Nova Ferroeste seja de fato uma ferrovia verde, que se preocupa com o desenvolvimento sustentável do País”, disse o coordenador do Grupo de Trabalho Ferroviário do Estado do Paraná, Luiz Henrique Fagundes.

Outra preocupação, destacou o coordenador, é com a redução dos conflitos urbanos. A orientação é para que os trechos da ferrovia evitem cruzar as cidades. Em Curitiba, por exemplo, os trilhos serão todos desviados, sem a passagem de trens por cruzamentos que podem gerar acidentes. “É, sem dúvida, uma iniciativa que vai deixar a capital paranaense muito mais segura, seja para motoristas ou pedestres”, afirmou Fagundes.

NAS ESTRADAS – A instalação do modal terá impacto também na melhoria da qualidade do ar. A conta simples prevê que um trem com 100 vagões substitui 357 caminhões, ambos com capacidade aproximada de 100 toneladas de carregamento. “É uma redução significativa na emissão de gases do efeito estufa. Não existe dúvida de que o trem é melhor ambientalmente do que um motor a combustão”, ressaltou o coordenador.

Ele lembra também que com menos caminhões trafegando, as estradas tendem a ser mais seguras de uma maneira geral. “É um pedido dos próprios caminhoneiros para que o trabalho deles fique concentrado em trechos menores, com distâncias mais curtas e possibilidade de fazer uma quantidade maior de fretes”, disse Fagundes.

AUTORIZAÇÃO – Outro ponto importante é que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu no início deste ano a Autorização de Captura, Coleta e Transporte de Material Biológico (Abio) para o projeto da Nova Ferroeste. É mais uma etapa no processo de licenciamento ambiental da proposta, que foi qualificada no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do governo federal.

A Abio permitiu o início dos trabalhos de campo para o diagnóstico ambiental da fauna na área do projeto da Nova Ferroeste. Essa etapa é balizada por um plano de trabalho, analisado e aprovado pelo Ibama, no qual são indicados os pontos de amostragem e a metodologia a ser aplicada. Os dados a serem coletados em campo são essenciais para a avaliação de impactos ambientais da ferrovia, que será debatida com a sociedade após a conclusão dos estudos.

ESTUDOS – A Ferroeste foi qualificada em meados de 2020 no âmbito do PPI, o que acelera o seu processo de desestatização. O pedido foi feito pelo Governo do Paraná e significa que a União vai ajudar o Estado com apoio técnico regulatório necessário em diversas áreas, da modelagem e meio ambiente à atração de investidores.