Último brasileiro vencedor do prêmio, ex-meia comenta evolução do futebol nos Estados Unidos, idolatria no Orlando City e rivalidade com Inter Miami, de Beckham e Messi
O dia era 17 de dezembro de 2007. Um dia antes, o Milan havia derrotado o Boca Juniors na final do Mundial de Clubes, em um domingo, em Yokohama, no Japão, com show de Kaká. Na segunda-feira, o meia brasileiro se tornava o quinto e último nascido no Brasil a ser eleito o melhor jogador de futebol entre homens no mundo, desbancando Cristiano Ronaldo e Messi.
Desde então, o Brasil não tem um representante no topo da maior premiação individual do futebol masculino. Com a autoridade de ter sido o último nomeado, em entrevista exclusiva ao ge, Kaká avaliou que o prêmio atualmente coroa grandes conquistas coletivas — o que impediu Neymar de ter vencido a premiação, segundo ele, e o que aponta para Vini Jr como favorito em 2024.
— Hoje esse prêmio individual acabou sendo vinculado ao prêmio coletivo. Eu fico muito feliz com isso, porque o futebol realmente é um esporte coletivo e ninguém conquista nada sozinho. São raros os nomes que a gente vê de alguém que conquistou a Bola de Ouro sem ter sido o grande protagonista de uma conquista coletiva. Agora, quem me vem à mente é o Ronaldo, que conquistou uma Copa UEFA com a Inter e foi o melhor jogador do mundo. Mas o Ronaldo também transcende, é um dos raros nomes que consegue transcender essa conquista coletiva.
— Acredito que o Neymar só não foi escolhido o melhor jogador do mundo por não ter sido esse protagonista numa conquista coletiva. Mesmo tendo sido muito importante naquela do Barcelona na Champions League, o Messi acabou se sobressaindo como protagonista. Se o PSG tivesse vencido a final da Champions contra o Bayern de Munique, provavelmente o Ney tinha sido escolhido naquele ano o melhor jogador do mundo.
Campeão do mundo com o Brasil em 2002, Kaká avaliou que Neymar, maior nome do futebol brasileiro no período recente, foi o melhor do mundo em “vários momentos da carreira”. Para o ex-jogador, não é verdade que o Brasil carece de grandes talentos porque não tem um vencedor de Bola de Ouro há muito tempo.
— Na minha opinião, ele (Neymar) performou como melhor jogador do mundo em vários momentos da carreira dele. Eu não acho que o Brasil está ausente dessa conquista por essa questão. Essa é a ausência do Brasil, e não por uma ausência de talento. Acho que temos vários talentos muito promissores.
E é nessa nova geração de talentos brasileiros que Kaká aposta sair o vencedor da Bola de Ouro de 2024: Vinicius Júnior.
— Agora o Vini vem nessa pegada. Ele foi o grande protagonista de uma conquista coletiva esse ano, que a do Real Madrid na Champions League. Assim, ele se torna o grande favorito, e a gente, claro, fica aqui na torcida para que isso aconteça. Acredito que o Vini hoje é o grande favorito a essa conquista. Espero que ninguém aí na Eurocopa roube esse protagonismo dele, no cenário mundial (risos) — brincou Kaká, que completou:
— Mas acredito que pode ser ele, né? Pode pintar um brasileiro esse ano. E eu ficaria realmente muito, muito feliz com um brasileiro voltando a ser melhor jogador do mundo, no caso da Bola de Ouro, e no The Best, como o melhor jogador do mundo. Fica a nossa torcida.