Em caso raro no futebol inglês, meia brasileiro é acusado de influenciar quatro jogos e buscar receber cartões amarelos com o propósito de favorecer apostas
Lucas Paquetá foi denunciado nesta quinta-feira pela federação inglesa de futebol (FA), por má conduta em jogos do West Ham na Premier League. Foram nove meses de investigação sobre possível envolvimento do atleta com apostas esportivas. O jogador tem até o dia 3 de junho para apresentar a sua defesa. O caso é considerado raro e pode render uma punição severa para o meio-campista da Seleção.
Lucas Paquetá foi acusado de quatro violações da Regra E5.1 da federação inglesa, em relação à sua conduta em quatro jogos do Campeonato Inglês. Essa regra diz que um jogador “não deverá, direta ou indiretamente, tentar influenciar, para fins impróprios, o resultado, o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência em ou em conexão com um jogo ou competição.”
De acordo com documentação da FA, ofensas por apostas são separadas e distintas de acusações de manipulação dos jogos. Porém, quando pode ser provado que uma aposta afetou o resultado ou decorrer de um jogo, a acusação é específica, e não incidente de ofensa por aposta. Um jogador condenado por interferir no resultado ou decorrer de uma partida pode ser banido pela vida toda.
O caso foi enquadrado como tema de integridade de jogos e competições. É um episódio diferente do atacante Ivan Toney, do Brentford, que apostou nos jogos. O meio-campista da seleção brasileira levou cartão amarelo nas quatro partidas em questão:
- contra o Leicester City, em 12 de novembro de 2022;
- contra o Aston Villa, em 12 de março de 2023;
- contra o Leeds United, em 21 de maio de 2023;
- contra o Bournemouth, em 12 de agosto de 2023.
De acordo com a FA, a alegação é que Paquetá “procurou influenciar diretamente o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência nessas partidas, buscando intencionalmente receber um cartão do árbitro com o propósito indevido de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrem com apostas”.
A federação não detalha em seu livro de regulações disciplinares quais as faixas de sanções para quem violar a regra E5.1. Porém, em casos de uso de informação privilegiada para o propósito de apostas, um jogador pode pegar desde suspensão de seis meses até banimento pela vida toda, além de multa.
A comissão reguladora da FA irá avaliar se Paquetá providenciou informações e ajuda às autoridades envolvidas. Isso pode amenizar uma possível punição por violações.
Em seu comunicado, a federação informa que o brasileiro também foi acusado de duas violações da regra F3, o que pode configurar como má conduta para responder questões e providenciar documentos.
Em 2018, um caso semelhante aconteceu com o jogador Bradley Wood, então na quinta divisão inglesa. Ele foi punido com banimento de seis anos, por forçar cartões amarelos de propósito em jogos da Copa da Inglaterra, e assim beneficiar apostadores.
No início do ano passado, o técnico Tony Wigham, do time sub-19 de futebol feminino do Park View, foi punido por ter violado a mesma regra E5. Porém, foi a primeira vez que algo do tipo aconteceu no futebol de base da Inglaterra. Ele pegou um mês de suspensão, mais multa
O processo de investigação da FA teria partido de um incomum volume de apostas casadas em dois jogos realizados no mesmo dia, um no Campeonato Inglês, outro no Campeonato Espanhol.
A aposta casada previa que Lucas Paquetá tomaria um cartão amarelo no jogo entre o West Ham e o Aston Villa, pela Premier League. E também que Luiz Henrique (hoje no Botafogo) seria advertido com amarelo na partida entre Real Betis (seu time) e Villarreal. Os dois jogadores tomaram amarelos.
Lucas Paquetá disputou 43 jogos pelo West Ham nesta temporada, marcou oito gols e deu sete assistências. Ele tem contrato com o clube inglês até 30 de junho de 2027.