Os minutos de Fortaleza e Boca Juniors serão eternizados na mente dos Tricolores. O duelo é mais um que vai entrar no lugar sagrado de jogos inesquecíveis do Leão, que será usado como grau comparativo máximo quando se falar de uma vitória com propriedade. O Fortaleza de Vojvoda foi superior a um gigante mundial diante da torcida na Arena Castelão e (mais uma vez) fez algo histórico.
Uma vitória por 1 a 0 em cima do multicampeão Boca já estaria de bom tamanho para o torcedor, que queria apenas o time se mantendo invicto na Sul-Americana. Porém, o futebol sorriu para os Tricolores na noite desta quinta-feira: o Leão do Pici foi o primeiro time nordestino a enfrentar o gigante argentino e, consequentemente, a vencê-lo. Venceu por 4 a 2 com propriedade, com estratégia, bom jogo e efetividade. Não faltou nada.
As mudanças de Vojvoda
É preciso começar pelas escolhas do técnico argentino…
Vojvoda apostou em mudanças na escalação. O esquema não alterou muito do que já tínhamos visto em outros jogos, mas o técnico argentino colocou Pedro Augusto como titular, e Cardona na vaga de Titi, que vinha atuando ao lado de Brítez nos últimos jogos. Titi iniciou no banco de reservas.
No papel, o time se mostrava em um 4-4-2, mas em campo se comportou de forma diferente. Pedro Augusto recuou para formar linha de três com Cardona e Brítez. Pikachu jogou livre, como ala. Zé Welison ficou como primeiro volante. Machuca teve bastante mobilidade e por vezes trocava de posição com Pochettino, que chegava bastante no ataque.
Primeiro tempo de Fortaleza 1 x 1 Boca Juniors:
- Posse de bola: 56% x 44%
- Finalizações: 6 x 6
- Escanteios: 4 x 0
- Faltas cometidas: 6 x 4
- Impedimentos: 1 x 2
- Passes: 272 x 213
- Desarmes: 8 x 7
O brilho dos argentinos do Leão
Coletivamente o Fortaleza foi bem, com a estratégia de Vojvoda sendo superior e com as mudanças surtindo efeito. Não faltou também o brilho individual de peças de qualidade do elenco tricolor. Lucero e Pochettino chamaram a responsabilidade.
Pochettino teve noite brilhante, com três assistências, mobilidade e passes precisos. Entregou o necessário para deixar os companheiros bem-servidos. Comandou o meio-campo com propriedade. Esteve muito acima.
Lucero estava disposto a aproveitar cada oportunidade que sobrasse no seu pé. Anotou dois gols, um ainda bem no início do primeiro tempo, garantindo confiança para o Tricolor e firmeza no ataque. Soma até aqui nove gols em competições internacionais e é o artilheiro do time em jogos da Conmebol. Nessa temporada são 11 gols.
Se o time trabalhou para servir bem os atacantes, Machuca também foi parte importante nisso, participando no último gol.
Ele não passa em branco
Os dois últimos gols, inclusive, foram marcados pelo artilheiro da Era Vojvoda: Yago Pikachu. Nos primeiros minutos, o jogador mostrou que iria atuar como ala e que o torcedor podia esperar muita movimentação. Foram boas chegadas. No segundo tempo vieram os dois gols que se somam aos outros dois marcados contra Sportivo Trinidense e Nacional Potosí. Não passou em branco em nenhum jogo da Sula até aqui.
Peça importante e presente em grandes jogos, Pikachu não deixa passar boas chances de escrever o nome no histórico pelo Fortaleza. Esteve em campo nos grandes jogos do Leão nos últimos tempos: Estudiantes, San Lorenzo, Colo-Colo e River Plate. Na final contra a LDU, o jogador começou no banco de reservas e entrou no segundo tempo, na vaga de Guilherme.
O jogador já destacava durante a semana o desejo de entrar em campo contra “os melhores times”. Diante do Boca Juniors, aproveitou a chance e realmente jogou, assim como todo o elenco. Assim, saiu com a vitória merecida, incontestável, com autoridade.
O dedo de Vojvoda foi importante em todo resultado, desde a escalação, até o papo de vestiário que trouxe para o segundo tempo um Fortaleza de muita intensidade e entrega. Soube guiar o time na vitória. Fortaleceu.
O Fortaleza dispara na liderança do Grupo D, com nove pontos, cinco de diferença para o segundo colocado. Mais que isso, entregou ao torcedor que compareceu à Arena Castelão uma noite inesquecível e eterna na lembrança.