Jovem descobre 100% de compatibilidade e viaja mil km para doar medula óssea


A expectativa se tornou realidade para Lethícia Conegero, de 30 anos, que se disponibilizou para ser doadora de medula óssea. Ela é 100% compatível com uma paciente e viajou mais de mil quilômetros para fazer a doação e ser, assim, mais um elemento na batalha pela vida e uma pessoa.

Mesmo sem conhecer a pessoa que recebeu a doação, Lethícia garante que o gesto – um processo de quase uma semana – valeu a pena e fica feliz em ter ajudado a salvar uma vida. 

“É emocionante porque é literalmente poder salvar a vida de alguém. A ficha ainda não caiu porque é algo grande… É tão gratificante. Foi algo muito especial que fiz em toda vida”, relatou emocionada.

No Paraná, entre julho a dezembro de 2022, foram realizados seis transplantes de medula óssea bem-sucedidos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

São 567.941 doadores cadastrados no Hemocentro em todo estado.

Por se tratar de uma doação anônima, nenhuma informação referente ao paciente foi divulgada. O destino e o local onde ocorreu o procedimento também precisam ser preservados.

A jornalista está cadastrada há 10 anos no programa Redome, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, e é a primeira vez em uma década que realiza a doação. 

Quando tudo começou

A jovem nasceu em Umuarama, no noroeste do estado, e teve interesse em ser voluntária quando uma amiga com leucemia necessitava do transplante, em 2012, e precisava reunir o máximo de pessoas para se cadastrar na plataforma.

“Quando a gente soube que ela precisaria do transplante, houve uma mobilização em Umuarama para a gente conseguir o maior número de pessoas para se cadastrar no Redome, inclusive minha família e amigos”, disse.

Desde então, Lethícia é cadastrada na plataforma à espera de um receptor compatível.

Doadora 100% compatível

A voluntária recebeu a ligação do Redome em 2022 e foi informada que ela teria que fazer um exame extra para confirmar a compatibilidade com a paciente.

Durante esse tempo, foi identificado que a Lethícia era uma doadora 100% compatível e a única cadastrada na plataforma com esse feito considerado raro pelos médicos.

“Eles me informaram que eu era a única doadora compatível com essa paciente. Imagina… A única pessoa capaz de doar essa célula para ela. Até mesmo depois da doação a minha ficha ainda não caiu”, disse.

Lethícia lembrou que muitos doadores cadastradas não são chamados e nunca recebem a ligação que ela considera um “presente”.

Viagem e doação

A doadora embarcou em junho de 2023 e percorreu mais de 1 mil quilômetros para realizar o procedimento do transplante para a receptora.

O procedimento da paciente foi de cinco dias até a coleta da medula óssea, feita através da aférese, que separa o sangue da medula em uma máquina automatizada.

“Foram quatro dias que recebi uma injeção para estimular a produção da medula óssea, mais do que o meu corpo produz normalmente. No quinto dia eu fiz a coleta”, disse.

A doadora utilizou uma medicação para a mobilização de células da medula óssea para a corrente sanguínea. Neste procedimento, as células são obtidas por meio do sangue, com punção venosa no antebraço. 

A viagem foi toda bancada pelo Governo Federal, através do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a compra das passagens aérea, acomodação e refeição com direito a um acompanhante, que foi o pai dela.

Em maio, a voluntária havia ido para o mesmo destino para fazer exames complementares e retornou até a data oficial da doação.

“Eles prestam todo o suporte possível com tudo pago, inclusive o meu acompanhamento pós-doação. Só precisei ir até lá fazer a doação”, disse.

Emocionada, relembrou dos momentos durante a viagem.

“Tenho muitos registros. A maioria que apareço estou chorando, porque foi muito emocionante mesmo. Mas cada lembrança carrego com muito carinho”, lembrou.

Fonte:G1