Profissionais de saúde que trabalham em hospitais de Cascavel, no oeste do Paraná, relatam a pressão que estão sofrendo por causa da alta procura por atendimentos médicos provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Cascavel tem 12.664 casos confirmados e 201 mortes provocadas pela doença. Em todo o Paraná são 6.744 óbitos e 329.297 diagnósticos.
Nesta segunda-feira (14), Cascavel registrava lotação de 92% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) reservados para o tratamento da Covid-19.
“Tem sido dias bem pesados de trabalho. Isso gera muitas perguntas e gera aflição também”, disse o médico Gustavo Henrique, que trabalha no Hospital de Retaguarda da cidade.
O diretor do Hospital de Retaguarda, Lísias Tomé, disse que o espaço enfrenta superlotação.
“Estamos torcendo para que nenhum dos pacientes de enfermaria complique. Senão, vamos ter que tirar do Hospital de Retaguarda e procurar leitos em outros hospitais”, disse.
HU de Cascavel
A situação se repete no Hospital Universitário (HU) de Cascavel, que é o maior da região, com 30 leitos de UTI. Profissionais dizem que, às vezes, leitos são reocupados assim que a vaga se abre.
A pressão também tem afetado a saúde mental dos profissionais de saúde. A diretora de enfermagem do HU, Sara Treccossi, disse que alguns trabalhadores já pediram para deixar o trabalho.
“Já tive pessoas que saíram por problemas psicológicos mesmo, que não aguentaram a pressão do ambiente”, disse.
Esta é a segunda vez que os hospitais de Cascavel se aproximam da lotação máxima. A primeira vez foi no fim de maio, quando a estrutura contava com 30 leitos a menos.
O médico do HU Gabriel Kreling disse que é muito difícil sair de um plantão onde um paciente morreu e encontrar nas ruas bares cheios, com pessoas que não usam máscara por não gostar do equipamento.
“Para nós profissionais da saúde isso é inadmissível, e essa sensação para gente é muito difícil de lidar”, desabafou.