Referência nacional, serviço aeromédico do Paraná garante assistência em todas as regiões


Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostrou que, entre janeiro e outubro deste ano, o serviço aeromédico do Paraná contabilizou 3.201 atendimentos, o que corresponde a uma média diária de 10,56 ocorrências. No ano passado inteiro, foram 3.932 atendimentos. Com 18 anos de funcionamento, o serviço é reconhecido nacionalmente e opera com aeronaves custeadas integralmente pelo Governo do Estado.

Desde 2007, ano de sua implantação, o serviço aeromédico já registrou 35.180 atendimentos. As ações abrangem resgates de vítimas de acidentes, emergências clínicas como infarto e AVC, transporte de recém-nascidos que necessitam de UTI e transporte aéreo de órgãos para transplante.

A operação é conduzida pelo Sistema Estadual de Regulação de Urgência e suas centrais. O modelo paranaense se destaca pela quantidade de aeronaves, pela formação técnica das equipes e por ser o único totalmente coordenado e executado exclusivamente para demandas de saúde. O acionamento ocorre a partir da avaliação de médicos reguladores do sistema de Urgência e Emergência, sempre que há indicação clínica de gravidade.

A frota inclui seis helicópteros e um avião distribuídos em cinco bases estratégicas situadas em Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa, garantindo cobertura integral do Estado. As aeronaves contam com, no mínimo, um piloto, um médico e um enfermeiro. O serviço é autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e segue as orientações do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) nº 90.

“O serviço é uma parte essencial do atendimento pré-hospitalar e leva assistência especializada de forma imediata para quem mais precisa”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. “Seguindo a orientação do governador Ratinho Junior, reforçamos ainda mais o serviço para garantir que cada vida seja atendida com a máxima agilidade e segurança”.

BASES – Cada base é responsável por uma área de atendimento com raio de até 250 quilômetros a partir do ponto de origem. Os voos têm duração máxima de duas horas, permitindo ida e retorno sem necessidade de reabastecimento. As cinco bases atuam de maneira coordenada para garantir cobertura total do território paranaense.

Em Curitiba estão alocados dois helicópteros, pertencentes à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ao Batalhão da Polícia Militar de Operações Aéreas do Paraná (BPMOA), além de um avião da Sesa. O coordenador Guilherme Zammar diz que, para ele, ser aeromédico é transformar os minutos que seriam fatais em tempo de vida. “É uma atuação que exige muito preparo e uma imensa responsabilidade. Quando estamos em trânsito somos nós e o paciente e a luta para chegarem a salvo no hospital”.  

As bases de Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa operam com um helicóptero cada, contratados pela Sesa junto à Helisul. As equipes médicas e de enfermagem são fornecidas pelos Samus Regionais.

Etore Moscardi atua na base de Maringá como coordenador. Ele lembra que foram muitos atendimentos emocionantes, entre traumas, acidentes de rodovia e atendimentos clínicos. “Foram mais de 8.700 atendimentos de excelência, incluindo traumas, casos clínicos (infarto, AVC), transportes de recém-nascidos e captação de órgãos. Todos nós agradecemos ao Estado e à Secretaria da Saúde pela oportunidade de salvar vidas”.

Durante o Verão Maior Paraná, uma aeronave adicional passa a operar a partir de Matinhos para reforçar o atendimento no Litoral, em parceria entre a Sesa e a Secretaria de Estado da Segurança Pública.

O trabalho conjunto mudou a vida de José Marcos Francisco, de 59 anos, curitibano e morador do bairro Fazendinha. Ele estava em Minas Gerais e se acidentou com fraturas na coluna cervical. O tratamento necessário era cirúrgico e a família foi avisada de que poderia acionar a Central de Leitos em Curitiba. A partir daí a transferência do paciente começou a ser planejada. 

José Marcos se emociona ao lembrar no momento em que viria para casa. “Eu sou muito grato por tudo. Estou recebendo tratamento porque foram me buscar. Eu poderia ter sido ignorado, mas fui trazido para casa e fui muito bem tratado”, elogiou.

INVESTIMENTO – Todos os serviços aeromédicos do Estado são mantidos com recursos da Sesa. O contrato anual referente aos helicópteros de Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa, além do avião que opera em Curitiba, prevê investimento de até R$ 85,5 milhões, conforme o volume de uso. Este ano, o BPMOA recebeu R$ 16 milhões do Fundo Estadual de Saúde, além do custeio das equipes médicas do Samu, que soma cerca de R$ 4,5 milhões.

Desde 2020, a Sesa também passou a adquirir, com recursos próprios, um medicamento trombolítico utilizado no tratamento de ataque cardíaco. Cada ampola custa R$ 9 mil e está disponível tanto nas ambulâncias quanto nas aeronaves de urgência. O uso do medicamento contribui para estabilizar o paciente até a chegada ao hospital. Até o momento, cerca de 1.561 ampolas foram aplicadas, em um investimento de mais de R$ 7 milhões só neste ano.

TRANSFUSÕES DE SANGUE – Há três anos o serviço aeromédico iniciou um projeto inovador para transfusões de sangue em pacientes graves diretamente no local da ocorrência, antes mesmo da chegada ao hospital. Em parceria com a Helisul, foi instalada na base de Maringá uma sala específica para armazenamento de bolsas de sangue tipo O negativo, considerado universal.

O procedimento segue rigorosamente as normas de segurança e controle definidas pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa. Desde a implantação, 50 pacientes em estado gravíssimo receberam transfusão no atendimento inicial ou durante o voo até a unidade especializada.

HISTÓRIA – Quando foi criado, em agosto de 2007, o serviço aeromédico contava com apenas um helicóptero da PRF e com equipe e equipamentos da Sesa, em parceria com o Siate de Curitiba. A atuação era coordenada pelas forças militares e voltada principalmente ao atendimento e remoção de vítimas de trauma.

A expansão começou em 2014, quando a Sesa passou a operar aeronaves próprias, incluindo um avião em Curitiba e um helicóptero em Cascavel, com equipes e estrutura para atendimentos de trauma, emergências clínicas, infartos, AVCs e neonatos. Nesta fase, o serviço passou a ser acionado diretamente pelas Centrais de Regulação Médica do Complexo Regulador Estadual.

Em 2016 foram implantados helicópteros em Londrina e Maringá, e em 2018 em Ponta Grossa, consolidando o modelo atual do serviço. O diretor de Planejamento da Atenção Especializada da Sesa e gestor da Unidade Aérea Pública (UAP), Vinícius Filipak, responsável pela coordenação do serviço, foi o primeiro médico a atuar nos resgates aéreos do Paraná. Com mais de 40 anos de profissão, Filipak tinha 46 anos quando fez seu primeiro voo de resgate em 2007. Na época, ele integrava a equipe do Siate e voava com piloto e enfermeiro da PRF para atendimentos de trauma em Curitiba e Região Metropolitana.

“Anteriormente o atendimento era restrito a uma região do Estado apenas para trauma e hoje ele é prestado a qualquer tipo de intercorrência de urgência ou de pacientes graves, sejam de trauma e urgências clínicas ou mesmo transferência de pacientes críticos entre todas as cidades do estado Paraná”, ressalta Filipak.

Ele ainda diz se orgulhar em fazer parte desse processo complementando que “todos os dias da nossa vida a gente constrói um pouquinho e quando percebemos que essa construção foi efetiva e deixou uma herança para as gerações que vêm pra frente, dá uma tranquilidade do serviço dever cumprido”.