Paraná será o primeiro estado da América do Sul a adotar Bonde Urbano Digital no transporte coletivo


O Estado se torna o primeiro da América do Sul a adotar oficialmente o sistema, que une inovação, sofisticação, sustentabilidade, conforto e baixo custo, fruto de um investimento da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep).

O Governo do Paraná deu um passo histórico rumo à mobilidade urbana do futuro. Nesta quinta-feira (4), o governador Carlos Massa Ratinho Junior apresentou para a sociedade o Bonde Urbano Digital (BUD), tecnologia chinesa de transporte coletivo sem trilhos que será implantada entre as cidades de Pinhais e Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, nos próximos meses.

O Estado se torna o primeiro da América do Sul a adotar oficialmente o sistema, que une inovação, sofisticação, sustentabilidade, conforto e baixo custo, fruto de um investimento da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep).

Ao contrário dos ônibus e BRTs elétricos ou dos VLTs, movidos com trilhos, o Bonde Urbano Digital dispensa estruturas físicas que demandam grandes investimentos. Ele opera com pneus de borracha diretamente sobre o asfalto, guiado por um sistema de “trilhos virtuais”, marcações digitais e sensores de alta precisão que determinam o caminho a ser seguido. A tecnologia começa a ser implantada no trecho nas próximas semanas.

Esse “trilho virtual” usa tecnologias como detecção ferroviária e controle coordenado de eixo, que garantem ao veículo seguir com exatidão uma rota pré-definida, mesmo em condições adversas como chuva, vibração e desgaste da pista. O sistema inclui ainda rastreamento automático, orientação autônoma e proteção eletrônica ativa, que reforçam a segurança do trajeto.

O veículo tem 30 metros de comprimento, três eixos, capacidade para 280 passageiros, ar-condicionado, operação bidirecional e pode atingir até 70 km/h. O sistema será implantado em um trecho de aproximadamente 13 quilômetros, entre os terminais de Pinhais e Piraquara, em uma região que atualmente movimenta cerca de 10 mil pessoas por dia dentro dos sistema de ônibus.

“Esse é um dia especial para a história do Paraná. Somos o primeiro da América do Sul a tirar do papel um projeto desse porte, com essa tecnologia e vanguarda. O Paraná buscou o que há de mais avançado no mundo em questão de transporte coletivo e vai implementar um sistema para melhorar a vida das pessoas. A Região Metropolitana de Curitiba cresce muito rápido em termos econômicos e populacionais e estamos nos preparando para o futuro”, afirmou o governador Ratinho Junior.

O veículo foi fabricado pela CRRC Corporation, na China, e chegou ao Brasil (Porto de Paranaguá) em agosto. Após a apresentação, ele será montado em uma garagem por técnicos da empresa. A expectativa é iniciar os testes e as viagens em novembro. O valor da passagem será R$ 5,50, o mesmo do ônibus metropolitano. O tempo de viagem também não muda.

O diretor-presidente da Amep, Gilson Santos, explicou que esse lançamento é fruto de uma negociação iniciada em 2024 após pesquisa de campo das melhores soluções para o transporte. Ele visitou a sede da empresa na China e conheceu a tecnologia. No mesmo ano a Amep participou do lançamento do BUD de Monterrey, no México. O contrato foi assinado em maio deste ano pelo Governo do Estado e a empresa.

“Estamos falando de uma tecnologia que tem custo de implantação três vezes menor do que a dos VLTs e prazo de implantação curto, com vida útil de 30 anos. E reafirmando nosso protagonismo no transporte e na sustentabilidade. Estamos confiantes com esse teste, que começa ainda neste ano, e vamos estudar a aceitação da população e as possibilidade de expansão. É um marco para a mobilidade urbana”, disse Santos.

O secretário das Cidades, Guto Silva, ressaltou que o modelo representa um salto tecnológico. “O Paraná é reconhecido como um dos estados mais inovadores e sustentáveis do Brasil, e um dos pioneirismos é justamente na adoção de modelos de transporte eficientes. Estamos investindo muitos recursos nas cidades, melhorando a qualidade de vida e promovendo novidades que podem colaborar com o desenvolvimento econômico”, arrematou.

SUSTENTÁVEL E ECONÔMICO – O BUD é movido por baterias de íons de lítio de 600 kWh, que podem ser carregadas rapidamente nas estações por pantógrafos aéreos – bastam 30 segundos para garantir autonomia de 3 a 5 quilômetros. À noite, a recarga completa nas garagens permite até 40 km de operação contínua. A tecnologia também está preparada para, futuramente, operar com hidrogênio.

Com durabilidade estimada em 30 anos – o dobro de um ônibus biarticulado –, o novo modelo representa um salto em custo-benefício para o transporte público. O contrato com a empresa é de 15 meses, passível de prorrogação. A empresa vai apresentar à Amep relatórios de progresso e uso do BUD.