Cerca de 100 estudantes da rede municipal de ensino de Foz do Iguaçu participam nesta quinta-feira (4) de oficinas lúdicas de confecção de tijolos a partir do barro retirado do terreno onde será construído o futuro Centre Pompidou Paraná, o primeiro satélite do renomado museu francês nas Américas. A iniciativa, promovida pelo Governo do Paraná por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Seec), visa aproximar a comunidade do futuro museu e criar um vínculo desde o início da obra.
Segundo o diretor de Museu, Memória e Patrimônio da Seec, André Avelino da Silva, a iniciativa vai muito além da construção física do museu. Ele explicou que o objetivo é aproximar a comunidade do Centre Pompidou Paraná desde o início da obra e permitir que o público participe ativamente do processo. “Não dá para pensar apenas em um prédio expositivo. A comunidade precisa se apropriar da ideia e articular as ações junto com o Estado e o Pompidou. Esse é o espírito da proposta”, afirmou.
O representante estadual ressaltou ainda que a participação das crianças é apenas a primeira etapa de uma série de ações que englobarão estudantes, artistas e toda a comunidade local, criando um vínculo simbólico e duradouro com o futuro museu.
As oficinas estão sendo conduzidas pelo arquiteto Nicolas Marques de Oliveira. Ele explicou que a técnica aplicada às crianças é a mesma que será usada na construção do museu: tijolos moldados com a terra local, sem cimento ou cal, garantindo que o material permaneça vivo e sustentável. “A ideia é aproximar a comunidade do processo de criação do museu. Essas crianças estão colocando a mão na massa e, simbolicamente, contribuindo para o Centre Pompidou Paraná. Elas sentem que fazem parte de algo maior, que vai além de um prédio”, disse
Oliveira acrescentou que o método utilizado permite compreender a circularidade dos materiais. “Essa terra hoje vira tijolo e constrói o museu. É um material vivo, que mantém a vida em continuidade. Ao trabalhar com ele, as crianças aprendem sobre sustentabilidade e sobre a importância de respeitar e valorizar os recursos locais”, acrescentou o arquiteto.
A coordenadora pedagógica da Escola Municipal Vinícius de Moraes, Rita de Almeida Falcão, responsável pelos estudantes, ressaltou a importância da participação das crianças em um momento histórico da cidade. “É uma oportunidade especial. As crianças estão participando de um marco cultural que trará benefícios para a nossa Foz do Iguaçu. Saber que contribuíram para a construção, mesmo que simbolicamente, é algo que elas vão guardar para o futuro”, afirmou.
Um dos participantes da atividade foi o estudante Nicolas Gabriel Brill, de 8 anos, que ficou contente com a oportunidade de fazer uma atividade fora da sala de aula. “A gente fez o tijolo, mexeu no barro e foi divertido. Agora esse tijolo vai ajudar a construir o museu, e é legal saber que terão coisas novas aqui, sem precisarmos viajar para ver”, contou.
A colega dele, Miriã Barros da Silva, de 9 anos, demonstrou estar orgulhosa em fazer parte da história do futuro museu. “O que eu mais gostei foi de mexer com a terra. Quando eu for mais velha vou lembrar que participei. Isso dá alegria e orgulho”, revelou.
Já Phelipe de Souza Zaracho, de 9 anos, ficou feliz em aprender uma atividade nova na prática. “Eu não sabia como se fazia tijolo, achei que já vinha pronto. Do nada, aprender a fazer é muito legal. E o melhor foi me sujar, porque qual criança não gosta de se sujar?”, disse.
PROGRAMAÇÃO – Entre os dias 4 e 6 de setembro a programação especial para ativação do Centre Pompidou Paraná segue no pavilhão temporário montado terreno da Avenida das Cataratas, em frente ao Centro de Convenções. O espaço funciona como um ambiente de integração e preparação para a futura instituição cultural.
Além de crianças da da rede municipal, as oficinas de confecção de tijolos seguem nesta sexta-feira com estudantes de Arquitetura e, no sábado, com toda a comunidade local. Também estão previstas palestras e encontros com a comunidade, incluindo uma masterclass do arquiteto Solano Benítez, autor do projeto arquitetônico do museu. O evento contará com a participação do governador Carlos Massa Ratinho Junior e do presidente do Centre Pompidou, Laurent Le Bon.
As ações buscam criar um elo simbólico entre a população e o futuro museu, fortalecendo o sentimento de pertencimento. A construção do edifício está prevista para o primeiro semestre de 2026, com investimento de cerca de R$ 200 milhões do Governo do Estado, em um terreno cedido pela Motiva, empresa responsável pela gestão do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. A inauguração acontecerá em 2027.
Além das atividades desta semana, a Secretaria da Cultura lançará o edital Oficinas de Práticas Contemporâneas do Centre Pompidou Paraná – Macrorregião Oeste, com R$ 600 mil em recursos para selecionar agentes culturais que promovam oficinas educativas e artísticas voltadas a estudantes da rede pública e à comunidade local. Pelo menos 40% das vagas serão destinadas a pessoas negras, indígenas ou com deficiência, conforme políticas afirmativas.