Um documento assinado em 2011 por um seminarista que denunciou o padre Genivaldo Oliveira dos Santos aos superiores da igreja por tentativa de abuso sexual indica que o então arcebispo de Cascavel, Dom Mauro Aparecido dos Santos, tinha conhecimento do caso e não o relatou à polícia. O documento foi incluído como prova no inquérito que investiga o padre, preso no domingo (24) por estupro de vulnerável.
No texto, a vítima escreveu: “De minha parte dou por encerrado o caso ocorrido com o seminarista Genivaldo Oliveira dos Santos”.
O arcebispo Dom Mauro Aparecido dos Santos atuou em Cascavel de 2008 até o seu falecimento, em 2021.
O documento também cita os nomes de dois reitores do seminário (os padres Emerson Detoni e Antonio Ailson Aurélio) e de uma psicóloga, além do arcebispo.
Foi tentado contato com as pessoas citadas, por meio da Cúria Metropolitana, que respondeu que os reitores citados não fazem mais parte da Arquidiocese de Cascavel. Foi tentado localizar os padres e a psicóloga.
A defesa do padre Genivaldo Oliveira dos Santos disse, por meio de nota, que vai se pronunciar no processo e que acompanha a investigação com o intuito de colaboração total com as investigações, “de modo que se busque a verdade real dos fatos, e não aquela exteriorizada pela digna autoridade policial em entrevista nos meios de comunicação”.
Segundo a vítima, foi apenas no ano passado, quando soube da existência de outras denúncias, que ela decidiu relatar o caso e colaborar com as investigações.
O atual arcebispo de Cascavel, Dom José Mário Scalon Angonese, disse em comunicado que o padre denunciado foi suspenso assim que a denúncia chegou oficialmente à diocese, no dia 14 de agosto.
“Um processo de investigação já está em andamento. Temos um prazo de 90 dias na diocese e depois encaminhamos para a Congregação da Doutrina da Fé, no Vaticano. Se confirmado que houve pedofilia, a decisão de Roma tem sido clara: a demissão do estado clerical. Ele deixará de ser padre”, afirmou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil também foi contatada, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem.