1ª doação de órgãos de 2024 em Cascavel salva vida de seis pessoas


Um gesto de amor e solidariedade salvou a vida de seis pessoas em Cascavel, no oeste do Paraná. A primeira doação de órgãos de 2024 foi realizada no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop), no último sábado (6).

O coração, fígado, rins, córneas e tecidos de um homem de 29 anos, vítima de morte encefálica, foram destinados para pacientes que estavam na fila de espera de transplantes, em Cascavel e Curitiba.

A família, mesmo diante do sofrimento do luto, autorizou a doação dos órgãos do ente querido. Quatro equipes médicas participaram dos trabalhos: do Hospital Angelina Caron, de Campina Grande do Sul (PR); do Hospital do Rocio, de Campo Largo (PR); do Hospital do Câncer (Uopeccan), de Cascavel; e do Hospital dos Olhos, de Cascavel.

O cirurgião responsável pela captação do fígado, Nestor Saucedo Saucedo Jr., destacou a impacto positivo da doação.”Essa família teve, nesse momento de dor, o ato de compaixão em pensar em tantas famílias que foram beneficiadas. E, graças a esse ato, seis pessoas foram salvas”, disse.

“Apesar de toda a parte técnica e científica, por trás disso tudo, existem sentimentos, existem emoções. A gente fica sempre muito grato pelo ato de doação de órgãos”, complementou.

Paraná é líder em transplantes no Brasil

O Paraná está em primeiro lugar no ranking nacional de transplantes de órgãos. De janeiro a setembro de 2023, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), foram realizados 615 procedimentos.

O índice representa 9,2% do total de operações realizadas no Brasil no mesmo período (6.622). A Secretaria da Saúde do Estado promove ações para conscientizar a população sobre a importância da doação, além da capacitação de profissionais que atuam no processo.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial na área e tem o maior sistema público do mundo. Em números absolutos, o país é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA. A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos após a cirurgia.

Quem pode ser doador?

De acordo com o Ministério da Saúde, existem dois tipos de doador. O primeiro é o doador vivo que, desde que não tenha a saúde prejudicada e concorde com a cirurgia, pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões. A compatibilidade sanguínea é necessária em todos os casos.

O segundo é o doador falecido, que pode ser qualquer paciente com diagnóstico de morte encefálica ou com morte causada por parada cardiorrespiratória. Nesse caso, o doador pode doar órgãos, como rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino; e tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.

Como doar os órgãos?

No Brasil, a doação é feita por meio de autorização familiar. Para isso, é importante que a pessoa que tem interesse manifeste o desejo em vida. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista de espera.

A lista única, organizada por estado ou região, é monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos e tecidos.

Não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos o desejo de doar. A doação consentida é a modalidade para a doação que mais se adapta à realidade brasileira.

Lista de espera para transplantes

A lista para transplantes, baseada em critérios técnicos, é única e vale tanto para os pacientes do Sistema único de Saúde (SUS) quanto para os da rede privada.

Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão da condição clínica. Além disso, algumas situações de extrema gravidade com risco de morte e condições clínicas de um paciente aguardando transplante também são determinantes na organização da fila.

São eventos determinantes de prioridade na fila de doação: a impossibilidade total de acesso para diálise (filtração do sangue), no caso de doentes renais; a insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado; necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeição de órgãos recentes transplantados.