Pinturas rupestres com representações inéditas de araucárias foram registradas pela primeira vez em Piraí do Sul, na região dos Campos Gerais do Paraná. A descoberta pode ser considerada um marco a arqueologia.
Os registros foram encontrados no interior de uma caverna em setembro de 2021, por um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe).
Porém o resultado do estudo foi publicado no início de fevereiro, por meio de um artigo.
“Nós estávamos prospectando um paredão da escarpa, a procura de sítios arqueológicos e cavidades. Encontramos uma pequena cavidade e eu e outro colega fomos fazer o registro dela. Outro colega seguiu adiante e voltou animado que ele tinha encontrado um sítio arqueológico. Fomos com ele até o local e realmente se trava de um abrigo com uma quantidade muito grande de painéis e pinturas rupestres”, explica a professora e pesquisadora Fernanda Burigo Mochiutti.
O grupo passou a analisar os detalhes do retrato e identificou as representações de 13 araucárias e 20 figuras humanas.
Segundo o artigo publicado pelo Gupe, a própria natureza protegeu as pinturas ao longo dos anos. O local em que o painel está localizado fica a 1.130 metros de altitude, próximo a um afluente do rio Piraí-Mirim.
Para ter o parâmetro temporal e mais informações sobre a possível origem do retrato, os pesquisadores estudaram os povos originários que habitaram a região e como eles e as araucárias se desenvolveram.
Pelos resultados dos estudos, os pesquisadores identificaram que o registro foi elaborado pelos povos originários Macro-Jê.
Agora, as pesquisas continuam para buscar novas informações sobre a composição.
“Já tem estudos que falam de clara de ovo, gema de ovo, saliva, sangue, gordura animal, gordura vegetal, a seiva da própria araucária… Tudo isso era misturado [para fazer a tinta]. Fala-se até do cozimento dessa tinta para chegar a colorações diferentes”, afirma o geógrafo e pesquisador Alessandro Chagas Silva.
A expectativa dos pesquisadores é que a descoberta sirva como incentivo para novas pesquisas.
“Nós esperamos que novos projetos surjam para responder as inúmeras perguntas que o nosso trabalho deixou em aberto”, afirma o professor e pesquisador Henrique Simão Pontes.
Fonte:G1