Os exportadores brasileiros estão animados com a possibilidade de que a China habilite mais uma leva de frigoríficos para exportar ao país
No setor privado, a expectativa é que um anúncio ocorra ainda no curto prazo. Companhias como BRF, JBS e Aurora devem aparecer na nova lista do país asiático.
Na semana passada, autoridades chinesas inspecionaram, por meio de videoconferência, abatedouros de frangos, suínos e bovinos do Brasil, disseram quatro fontes ao Valor.
Perto de serem habilitadas
Conforme uma das fontes, as indústrias avícolas mais perto de serem habilitadas por Pequim pertencem à Seara, da JBS, à Zanchetta e à Unitá, sociedade entre as cooperativas Copacol, Coagru e Cooperflora. No caso da carne suína, Aurora, BRF e Seara estariam bem posicionadas.
O otimismo com a ampliação do acesso ao mercado chinês coincide com a proximidade da cúpula dos Brics, que ocorrerá na semana que vem em Brasília. O presidente chinês, Xi Jinping, virá ao país para o encontro. Na avaliação de uma fonte, o mandatário poderá chegar ao Brasil já com o presente anunciado.
No Ministério da Agricultura, a ordem tem sido evitar previsões sobre os anúncios de Pequim. Assim, evita-se transmitir às autoridades chinesas a impressão de que Brasília estaria fazendo pressão.
Em julho, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Marcos Montes, chegou a prever, em entrevista ao Valor, que a China liberaria dezenas de frigoríficos em “dez dias”, o que não se confirmou.
À época, Pequim chegou a enviar um documento criticando a pressão. O episódio atrasou o anúncio para setembro, quando o país asiático finalmente habilitou 25 plantas do Brasil – 17 de carne bovina, seis de frango, uma de suíno e uma de jumento. Na terça-feira (05/11), a China liberou a exportação de miúdos suínos de sete unidades catarinenses.
Na indústria frigorífica, as habilitações chinesas geram ansiedade devido ao imenso potencial de vendas. Em outubro, o primeiro mês completo após a China liberar as exportações de mais 17 abatedouros de bovinos, as exportações de carne do país registraram o melhor desempenho da história, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Epidemia
Em razão da epidemia de peste suína africana que dizimou o plantel chinês – o país responde por 50% do consumo global de carne suína -, a demanda da China está aquecida. De acordo com um executivo de uma das maiores agroindústrias exportadoras, o preço médio de alguns cortes de suínos com embarque para a China programado para dezembro saem por US$ 5 mil a tonelada. Há um ano, esses itens eram vendidos por US$ 2 mil.
Genética avícola
Paralelamente às habilitações de frigoríficos, o governo brasileiro busca abrir o mercado chinês à genética avícola. Desde a última segunda-feira, uma comitiva de técnicos chineses está no Brasil para inspecionar estabelecimentos de produção de material genético. O grupo fará uma série de vistorias a quatro empresas até dia 11.
O roteiro dos quatro auditores também inclui visitas a um laboratório oficial do Ministério da Agricultura e a uma unidade da Vigiagro (Unidade de Vigilância Agropecuária).
Expectativa
Nesse caso, a expectativa do setor produtivo nacional é que a China possa abrir seu mercado principalmente para a importação de ovos férteis produzidos no Brasil. Com eles, os chineses podem produzir matrizes e aumentar o plantel. O Brasil goza de credibilidade genética e sanitária porque é o único grande produtor sem registros de gripe aviária. “A parte genética e sanitária é a melhor do mundo, igual ou melhor que da Europa e dos Estados Unidos”, avaliou Érico Pozzer, ex-presidente Câmara Setorial de Aves e Suínos do Ministério da Agricultura. (Valor Econômico).
Fonte: Vale Verde Fm